domingo, 27 de janeiro de 2013

A rede



"... 
Sabe aquelas famílias perfeitas ? Pois é, eu ficava admirando da varanda.
No terreno vazio ao lado da casa deles, era lá onde armavam a rede de vôlei. Bacana !
Eu não distinguia ninguém individualmente mas sabia que eles compunham. Pai modelo, daqueles provedor, mãe dedicada dona de casa, três filhos, uma menina! Não necessariamente a caçula da terceira tentativa. Eu para variar não sabia o nome de ninguém, só achava bonito aquele modelo. E eles foram crescendo ou melhor amadurecendo.
O caçulinha, a quem eu chamava de pescador . Sempre se aborrecia comigo por causa disso.
- Eu não sou pescador. Eu pratico caça submarina!
Ah ! Tá ! Para mim ele entra no mar e traz os peixes, para mim isso é pescar.
Distinguir um deles na rua, fora do círculo onde eu os identificava.  Para mim era meio difícil, eu só reconheceria a matriarca sempre de sorriso simpático. Para lá e para cá dirigindo, pega filho na escola, leva filho na casa de amigo. Trás a irmã da Igreja e pega o esposo no aeroporto.
Eu ficava da varanda imaginando como seria ter uma família, uma família igual aquela.
Meu modelo. Eles não saberiam nunca mas sempre seriam o retrato que eu tenho de uma família..."

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